O que são Micotoxinas?

As micotoxinas são metabólitos tóxicos secundários produzidos por fungos filamentosos. Os fungos crescem e se proliferam bem em grãos quando em condições ideais de temperatura, umidade e presença de oxigênio.
A evidência da ocorrência das micotoxinas está relatada no Antigo Testamento. Porém, estas receberam atenção especial na década de 1960, quando houve um surto de aflatoxicose na Europa.
As principais micotoxinas de ocorrência em grãos e subprodutos utilizados na nutrição animal no Brasil são: aflatoxinas, fumonisinas, zearalenona, tricotecenos e ocratoxina A. Outras micotoxinas, mesmo que ocorram em menor frequência, provocam importantes perdas econômicas quando contaminam os alimentos.
Com a necessidade do aprimoramento constante da área de nutrição animal, o controle e o gerenciamento das micotoxinas constituem um desafio importante, pois, por razões econômicas e de saúde pública, as micotoxinas requerem cada vez mais atenção. 

 Micotoxina 
Fungo que mais produzem
Alimentos mais propensos à contaminação 
Principais fatores da produção 
 Aflatoxinas
 Aspergillus flavus e A. parasiticus
Amendoim, castanhas, nozes, milho e cereais em geral
Armazenamento em condições inadequadas.
Zearalenona
 Fusarium
Milho e cereais de inverno 
Temperaturas frias associadas à alta umidade.
Fumonisinas
 Fusarium
Milho e cereais de inverno
Estação seca seguida de alta umidade e temperaturas moderadas.
Tricotecenos
 Fusarium
Milho e cereais de inverno
Temperatura fria, alta umidade e problemas no armazenamento.
Ocratoxina A
 Aspergillus e Penicillium
Milho e grãos estocados
Deficiências no armazenamento. 

 

  • Aflatoxinas

    Aflatoxinas

    As aflatoxinas são produzidas por fungos do gênero Aspergillus e relatadas como hepatotóxicas, mutagênicas, imunossupressoras e neoplásicas. A depender da quantidade ingerida, frequência de ingestão e idade do individuo, podem relacionar-se à cirrose, necrose do fígado, encefalopatia e aumento da susceptibilidade à hepatite B. Dentre as aflatoxinas destacam-se as denominadas B1, G1, B2 e G2, especialmente a B1, que tem elevada hepatotoxicidade. A biotransformação das aflatoxinas ocorre principalmente no fígado e diferentes enzimas podem atuar na detoxificação.

  • Fumonisinas

    Fumonisinas

    As fumonisinas formam um grupo de micotoxinas produzidas pelo metabolismo secundário de fungos toxígenos dos gêneros Fusarium e Alternaria, sendo as linhagens de F. moniliforme as maiores produtoras. Aproximadamente duas dezenas de fumonisinas são conhecidas, mas somente as fumonisinas B1, B2 e B3 apresentam ocorrência e importância toxicológica reconhecidas. Ocorrem em diversos cereais, sobretudo no milho, atingindo concentrações que geralmente induzem intoxicações subclínicas em diversas espécies. A diminuição do ganho de peso geralmente é decorrente de afecções entéricas e hepáticas. Os equinos têm a maior sensibilidade à FB1, apresentando sinais clínicos de afecção nervosa e lesões de leucoencefalomalácia. Os suínos também apresentam alta sensibilidade às fumonisinas. Os sinais clínicos característicos da fumonisina-toxicose aguda em suínos são evidenciados pela dificuldade respiratória e cianose resultantes de edema pulmonar. As intoxicações crônicas são mais frequentes, havendo diminuição da produtividade do rebanho. Além de produzir lesões características nessas espécies, as afecções hepáticas estão presentes em todos os surtos da fumonisina-toxicose.

  • Zearalenona

    Zearalenona

    A zearalenona é um metabólito fúngico estrogênico não esteroide. É produzida por várias espécies de fungos do gênero Fusarium, incluindo F. culmorum, F. graminearum e F. crookwellense. Essas espécies colonizam cereais e tendem a se tornar particularmente importantes durante estações de alta umidade, acompanhadas de temperaturas amenas. É uma micotoxina contaminante natural de diversos cereais, como trigo, cevada, arroz e particularmente o milho, em vários países. A toxina pode produzir efeitos estrogênicos quando os cereais ou subprodutos contaminados são ingeridos pelos animais. Os suínos possuem a maior sensibilidade entre os animais domésticos, podendo apresentar sinais clínicos de intoxicação a partir de 0,1 mg da toxina/kg de alimento consumido. Em suínos, a ingestão de dietas contaminadas com zearalenona leva a quadros de vulvovaginite, nascimento de leitões fracos e natimortos e, muitas vezes, a surtos da síndrome dos membros abertos. Também há redução na taxa de concepção, acompanhada de repetição de cio.

  • Ocratoxina A

    Ocratoxina A

    A ocratoxina A é uma micotoxina produzida por algumas espécies de fungos filamentosos pertencentes aos gêneros Aspergillus e Penicillium e é, entre todas as ocratoxinas, a mais tóxica e por isso a mais relevante. Apresenta propriedades carcinogênicas, nefrotóxicas, teratogênicas, imunotóxicas e neurotóxicas. A ocratoxina A está associada à nefropatia em humanos, podendo haver uma relação entre a exposição a essa toxina e a Nefropatia Endêmica dos Balcãs, uma doença progressiva caracterizada por redução da função renal e frequentemente fatal.

  • Tricotecenos

    Tricotecenos

    Tricotecenos são produzidos por fungos dos gêneros Fusarium, Cefalosporium, Myrothecium, Stachybotrys e Trichoderma. Estão divididos em grupo A (toxina T-2, toxina HT-2 e diacetoxyscirpenol) e grupo B (deoxinivalenol - DON ou vomitoxina, 3-acetil-deoxinivalenol, 15-acetil-deoxinivalenol, fusarenon-X e nivalenol). São contaminantes naturais de grãos, sendo produzidos em condições de alta umidade. DON ocorre com maior frequência, havendo associação a outras micotoxinas de Fusarium (ex. fumonisinas e zearalenona). Monogástricos, como os suínos, são muito sensíveis à ação dos tricotecenos. Os sinais clínicos incluem recusa de alimentos, vômito, diminuição no ganho de peso, diarreia com sangue, dermatite, salivação, hemorragias, abortos e distúrbios do sistema nervoso.

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